A árvore genealógica do Natal

 

Por Daniel Figueiredo

(originalmente postado em 24 de Dezembro de 2013)

Lendo a narrativa do nascimento de Jesus no evangelho de Mateus, podemos observar alguns aspectos interessantes da forma como Deus age para cumprir o seu propósito. O livro começa com mais uma daquelas genealogias, que geralmente pulamos ou passamos bem rápido durante a leitura. Mas na verdade há algo mais nessas linhas do que apenas nomes. Primeiramente é importante lembrar para quem esse livro foi escrito. O evangelho de Mateus tem como principais destinatários os judeus, e por isso ele evidencia fortemente o fato de Jesus ser de fato o messias relatado nas profecias do Antigo Testamento. Talvez por isso ele tenha feito questão de incluir a genealogia de Jesus desde Abraão, passando pelos patriarcas, por Davi e seus descendentes (a lista no evangelho de Lucas é ainda mais extensa, chegando até Adão).

O fato de cada um desses nomes ter sido registrado nas Escrituras remonta ao plano de Deus revelado a Abraão, séculos antes, de formar um povo e a partir dele, abençoar todos os povos da terra (Gênesis 12.1-3). Assim, cada nome ali escrito nos lembra de que Deus tem um propósito, uma promessa que certamente será cumprida. Esse plano não acontece em uma realidade inacessível a nós, mas é cumprido junto à história humana, através de diferentes pessoas e acontecimentos dirigidos pelo Senhor. A história não é uma série de acontecimentos que dançam ao acaso, ela caminha de forma consistente para um fim determinado por Deus. Ele age por meios naturais, com a participação de pessoas como nós.

Isso é evidenciado de forma especial na chegada de Jesus: Deus entrando definitivamente na história humana, onde ele mesmo se despiu da sua glória e viveu como homem, andando com os pecadores e ensinando o seu povo. Jesus viveu o que nós vivemos e conheceu o sofrimento e a tentação. “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hebreus 4.15). Jesus passou por tudo isso e fez o que nós não fomos capazes de fazer, venceu a luta por nós e se posicionou como mediador entre nós e Deus. Nenhuma outra religião no mundo apresenta um Deus que se relaciona de tal forma com as pessoas, tendo ele mesmo a iniciativa da reconciliação e restauração do homem.

A lição que aprendemos com a genealogia de Jesus é essa: Deus é soberano e age através da história para cumprir seu propósito, e fez isso de forma definitiva em Cristo. Todos os acontecimentos estão debaixo do controle soberano de Deus e são dirigidos para o bem. Não apenas isso, mas ele conhece nossa dor, nossas dificuldades, pois ele mesmo entrou no nosso mundo e viveu conosco. Nenhum sofrimento é sem sentido, nenhuma dúvida é implacável, nada é grande demais ou pequeno demais para Ele. A forma como Deus entra na história em Cristo nos mostra ao mesmo tempo a soberania de Deus e a responsabilidade humana. Nos mostra o quanto Deus é grande e como ele guiou os dias e anos da história para que seu propósito se cumprisse. Assim, podemos ter certeza que árvore genealógica do Natal tem muito mais a nos dizer do que apenas nomes.

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